Governo do Paraná investe em projetos que promovem a inovação aplicada na preservação da natureza 07/05/2021 - 14:51

Com o objetivo de estimular o desenvolvimento de soluções para desafios ambientais contemporâneos, a Fundação Grupo Boticário lançou nos últimos dias, nova edição da teia de soluções, processo de cocriação de projetos, capacitação, mentoria e apoio técnico e financeiro. Em parceria com a Fundação Araucária, esta edição traz o tema oceano. Buscam-se propostas inovadoras para fomentar o turismo responsável em favor da biodiversidade marinha, reduzir a poluição no oceano e mitigar os efeitos da crise climática nas cidades costeiras.

As soluções apresentadas podem ser voltadas a toda costa brasileira – sendo que a Fundação Araucária terá atenção direcionada às soluções para os municípios costeiros do Paraná, especificamente. A seleção é voltada a pessoas de todo o Brasil com idade a partir de 18 anos e pretende mobilizar profissionais de várias áreas do conhecimento, como Tecnologia e Inovação, Engenharia, Biologia, Oceanografia, Ecologia, Comunicação, Marketing, Negócios, Economia, Ciências do Mar, Design, Desenvolvimento, Programação e Sustentabilidade, além de pesquisadores e acadêmicos.

As inscrições estarão abertas até 14 de maio de 2021 e podem ser feitas pelo site https://camp.teiadesolucoes.com.br/. As melhores soluções seguem para o Camp Oceano, um evento de três dias para aprofundar conhecimentos e trocar experiências. Na sequência, um grupo menor avança para etapa de mentoria com especialistas. Para serem estruturadas, as melhores soluções – com ideias inovadoras, replicáveis e economicamente viáveis – concorrerão a apoios que, somados, podem chegar a até R$ 1,5 milhão.

RESULTADOS DA PARCERIA ARAUCÁRIA E BOTICÁRIO  

Focar nos profissionais e instituições que precisam tomar as decisões mais adequadas para gerir uma unidade de conservação, seja protegendo a biodiversidade e seus habitats (pelo monitoramento de fauna e ambientes), evitando a caça e extração irregular ou corte e queima de florestas (na fiscalização de atos ilícitos), ou no controle da extração de produtos da sociobiodiversidade (cadeia produtiva),são objetivos que definiram a criação do projeto Smart Harpia.

Projeto esse que foi selecionado na chamada pública – Biodiversidade do Paraná – Conservathon 2020 pela Fundação Araucária e que receberá o investimento de aproximadamente R$150.000, 00. O Conservathon é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Araucária, que tem como prioridade promover o desenvolvimento e a conservação da Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente contínuo do bioma no Brasil.

Mais um dos modelos de cocriação da teia de soluções, o Conservathon é inspirado na dinâmica dos hackathons, eventos que reúnem uma grande quantidade de pessoas durante um curto espaço de tempo para pensarem soluções inovadoras a problemas específicos.

O projeto Smart Harpia é coordenado pelo professor do Instituto Federal do Paraná, Leandro Angelo Pereira, e leva em consideração  que muitas vezes os gestores voltados às áreas de conservação encontram uma série de dificuldades logísticas desde acesso à coleta de dados e sistematização de informações (dificuldades relacionadas ao tamanho da área, à falta de pessoal em campo, de infraestrutura para o monitoramento, características de algumas espécies que precisam ser protegidas, condições do terreno que são de difícil acesso, entre várias outras dificuldades).

A partir dessas dificuldades encontradas pelos gestores de áreas protegidas (Parques, RPPNs, Estradas Parques, Jardins Botânicos, Zoológicos, entre outros), o Smart Harpia foi estruturado em duas partes: a primeira, para desenvolver um sistema customizável de coleta de dados que possam ser trabalhados para extrair informações e aprimorar a tomada de decisão destes gestores; e a segunda transferir toda a tecnologia criada para empreendedores e estudantes dos diferentes cursos de diferentes níveis (do ensino médio, técnico profissionalizante até a pós-graduação, mestrado) por meio da Incubadora de Negócios do IFPR.

INOVAÇÃO 

A inovação do Projeto Smart Harpia está no desenvolvimento de um dispositivo de monitoramento integrado com sensores ambientais e conectado à internet, em uma ideia de produto mínimo viável (MVP). Um diferencial pensado para a proposta seria a fácil customização e ampliação dos sensores, dados coletados e serviços oferecidos (tanto na análise dos dados como na criação de relatórios).

Ou seja, a partir da mesma base o dispositivo de monitoramento poderá coletar dados oriundo de diferentes sensores: acústico (monitorar o som de pássaros, anfíbios, motosserras, queimadas), presença (monitorar pessoas, veículos ou animais em trilhas), imagens (identificar visitantes ou intrusos, carros ou animais), telefonia (identificar celulares intrusos, enviar informações em tempo real para o visitante e formar uma rede integrada entre os sensores). Este dispositivo ligado à internet formará um banco de dados único para os gestores e será apresentado em forma de painel visual de maneira centralizada (dashboard), além da possibilidade de aplicação futura de ferramentas de estatística e inteligência artificial para agrupar informações ou até mesmo prever riscos ou problemas.

“Com o apoio do edital conjunto da Fundação Araucária e da Fundação Boticário será possível dar dois passos fundamentais no projeto: um relacionado aos testes práticos dos equipamentos, e o segundo relacionado à criação de uma Incubadora no Campus Paranaguá para transferência da tecnologia. Vamos também conseguir testar os equipamentos nos diferentes ambientes, sendo possivelmente instalados nas Unidades de Conservação do Litoral do Paraná. Além disso, o IFPR está consolidando sua Incubadora de Negócios. Por meio desta, toda a tecnologia será transferida para estudantes de diferentes níveis de ensino, mas que tenham um perfil empreendedor para que possam potencializar os usos e melhorar a proposta ao longo do tempo”, ressaltou o professor Leandro.

O projeto Smart Harpia também permitirá que o gestor tome  as decisões baseadas em dados precisos e em tempo real. Outra vantagem destes módulos é que eles podem ser conectados uns nos outros por uma tecnologia de rede de área ampla de baixa potência (LPWAN) também conhecida por LoRa, formando um sistema de monitoramento abrangendo áreas grandes ou remotas.

“O Conservathon é uma iniciativa que reúne dois universos extremamente importantes: de um lado uma missão nobre, que é a conservação da Mata Atlântica e de outro lado o capital intelectual humano fantástico que possuímos no Estado.Por isso, é uma honra para a Fundação Araucária poder financiar projetos como o do IFPR, que promove a inovação e desenvolvimento do Paraná”, destacou  o diretor de ciência, tecnologia e inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

 

Foto: Professor Leandro Angelo Pereira.