Cátedra Araucária

 

Cátedra

 

Escola Doutoral Cátedra Araucária: Desenvolvimento Territorial Sustentável

 

Para conferir sentido às atividades da Cátedra, em processo de constituição, entende-se que o ponto de partida é a identificação dos pesquisadores com estudos consistentes nas áreas de desenvolvimento territorial sustentável tendo, pelo menos, um projeto integrador nessa seara, a fim de compor uma rede de pessoas que tenham interesses comuns em diferentes territórios dos mencionados continentes.  No caso do continente sul-americano, a proposta de projeto integrador poderá vir a ser a implantação da ferrovia bioceânica, conectando Paranaguá, no oceano Atlântico, à Antofagasta, no oceano Pacífico.

 

Cátedra Araucária, um dispositivo inovador de colaboração internacional

A Cátedra baseia-se na inteligência coletiva para promover a coprodução e interoperabilidade no território. Operando em uma rede intersetorial e multidisciplinar, seu foco está na pesquisa e ensino voltados para o desenvolvimento territorial sustentável, alinhados aos cinco P's: planeta, pessoas, prosperidade, paz e parcerias. Este modelo reflete a transição global para o desenvolvimento sustentável, conforme delineado pela Agenda 2030.

Entendendo o desenvolvimento como um conceito multidimensional que vai além do crescimento econômico, a Cátedra aborda aspectos sociais, humanos, institucionais, políticos, culturais, ambientais, tecnológicos e econômicos. Seu objetivo fundamental é formar cidadãos autônomos, social e ambientalmente responsáveis, proporcionando acesso aos bens materiais e culturais necessários à sustentação da vida.

No âmbito geográfico, a Cátedra tem como referência o Eixo Capricórnio, abrangendo América do Sul, África e Austrália. Seu enfoque está contextualizado nas mudanças climáticas e na transformação digital. O objetivo inicial é estimular e integrar pesquisas científicas e inovações técnicas, visando contribuir para o desenvolvimento sustentável dessas regiões.

 

Na América do Sul, o corredor logístico Paranaguá – Antofagasta

Originalmente o Eixo tem a economia pautada, sobretudo, no agronegócio e na mineração. Em geral, encontra-se distante das capitais federais, com exceção do Paraguai, pois Asunción está no centro do Eixo.

O BNDES sugere o Corredor Ferroviário de Capricórnio como viável, estratégico e promotor de integração regional. Destaca-se a importância para o desenvolvimento sustentável, alinhado com acordos internacionais. A implementação proposta pode modificar equilíbrios sociais e ecológicos, sendo vista como potencial motor de transformação positiva e melhoria na qualidade de vida.  

 

Região Trinacional Argentina - Brasil – Paraguai. Um laboratório de transfronteirização e resiliência territorial sustentável

A Região Trinacional, no centro do Eixo Capricórnio entre Brasil, Argentina e Paraguai, representa uma metrópole cosmopolita com aproximadamente 1 milhão de habitantes em seis cidades. Este local, impulsionado por um Conselho de Desenvolvimento Trinacional (CodeTri), destaca-se por sua diversificada economia urbana, centrada em turismo, comércio, serviços e indústria. Além de abrigar o porto seco mais movimentado da América Latina, a região possui a usina hidrelétrica de Itaipu Binacional, importante geradora de energia renovável. Com uma ampliação que engloba 150 km a partir da fronteira, a região trinacional está prestes a entrar em um novo ciclo econômico com investimentos em logística, especialmente infraestrutura rodoviária, aérea e futuramente ferroviária. Destaca-se ainda por seu potencial agrícola, conexões acadêmicas binacionais, vastos recursos naturais, e seu comprometimento com o "Green Nexus" - a busca por alimentos, água e energia sustentáveis. Entretanto, enfrenta desafios significativos relacionados a questões ambientais, de governança, para diplomacia, integração econômica e sociais, especialmente acentuados pela pandemia de COVID-19, que impactou a dinâmica trinacional ao fechar fronteiras e prejudicar a colaboração regional. Este território emerge como um campo de estudo ideal para a transição para o desenvolvimento sustentável, com suas características únicas e complexas.

 

Com a Austrália e a África, a formação um corredor global de desenvolvimento territorial sustentável

O Trópico de Capricórnio perpassa diversas regiões, incluindo o norte da Austrália, onde abrange de aproximadamente 7,5 milhões de pessoas. Semelhante às áreas sul-americanas cobertas pelo Eixo Capricórnio, a economia dessa região australiana é impulsionada pela mineração e turismo, destacando monumentos naturais como a Grande Barreira de Corais e pontos histórico-culturais como Uluru.

Na África, o Trópico atravessa o sul do continente, com uma população total de cerca de 117,8 milhões de pessoas. Essa região africana é rica em diversidade cultural e abriga importantes sítios naturais, assim como na América do Sul e Austrália, a mineração e a agricultura desempenham papéis cruciais nas atividades econômicas desses países.

A conexão entre os países ao longo do corredor de Capricórnio é evidente, com sinergias notáveis, incluindo iniciativas conjuntas, como o cultivo da Araucária angustifolia, realizadas por universidades em Maputo, Moçambique, e Curitiba, Brasil. A Araucária, uma árvore conífera, é uma herança do antigo supercontinente Gondwana, conectando América do Sul, Austrália, Antártica, África e Índia.

 

Na Europa territórios-espelho para amplificar a criatividade

A Europa oferece referenciais acerca da integração e trabalhos conjuntos para a paz e o desenvolvimento, serve como um notável exemplo de integração e colaboração para a paz, apresenta modelos de transfronteirização e integração territorial notáveis, exemplificados pelas Euroregiões, como Nouvelle-Aquitaine, Euskadi e Navarra, entre França e Espanha, que podem inspirar iniciativas semelhantes na América do Sul.

Destaca-se a parceria histórica e produtiva entre o Estado do Paraná e instituições de ensino francesas, focada inicialmente no ordenamento urbano e evoluindo para a sustentabilidade urbana. Atualmente, colaborações formais estão em andamento com o IMT Alès, e parcerias duradouras com a Universidade Paris-Est/Gustave Eiffel e Ensa Nantes resultaram em uma pós-graduação profissional centrada no desenvolvimento de competências técnicas e transversais para a gestão urbana e o desenvolvimento sustentável na Região Trinacional entre 2017 e 2019 (ENRECH-XENA, 2019). Essa colaboração buscou aprimorar as habilidades necessárias para enfrentar desafios urbanos e promover práticas sustentáveis no território.

 

Dos Apoiadores e dos Meios

A Fundação Araucária, também conhecida como Araucária, é uma entidade no Paraná, Brasil, dedicada ao desenvolvimento social, econômico e ambiental por meio de investimentos em ciência, tecnologia e inovação. Sua missão envolve a promoção de estudos sobre o desenvolvimento e inovações científicas, além do estímulo ao intercâmbio nacional e internacional e à formação de pesquisadores. A estratégia principal da Fundação é a implementação de Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPI's), buscando integrar atores de ciência, tecnologia e inovação em uma rede que inclui universidades, sociedade, setor produtivo e governos.

A Fundação, em parceria com diversas instituições, desenvolve o NAPI Desenvolvimento Sustentável da Região Trinacional 2020–2040, visando fornecer pesquisas e inovações para subsidiar decisões de desenvolvimento na região trinacional. Essa iniciativa culminou na proposta da primeira Cátedra Araucária para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Eixo Capricórnio.

O NAPI Trinacional envolve representantes dos três países da Região Trinacional, incluindo parcerias formais com universidades no Paraguai, Brasil e Argentina, além de outras instituições. O processo de transformação digital e educação digital é destacado como facilitador dessas iniciativas, evidenciado pelo laboratório NAPI Trinacional que, mesmo durante a pandemia de Covid-19, continuou a operar de forma remota. Acredita-se que o ensino, a pesquisa e a extensão digitais serão ferramentas poderosas para conectar o Eixo Capricórnio, promovendo a coprodução entre diversas instituições, especialmente quando combinadas com a abordagem por competências.

 

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