Da guerra à acolhida: Programa Paranaense continua recebendo pesquisadores ucranianos 08/06/2025 - 23:14
O Programa Paranaense de Acolhida aos Cientistas Ucranianos continua recebendo pesquisadores, sendo que a última ucraniana a chegar ao Paraná foi a professora Yaroslava Muravetska, que foi recebida pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, em maio. Os cientistas estão distribuídos em universidades como : UENP, UEL, PUC, UTFPR, Unicentro, Unioeste, Unila, UEPG, IFPR e UEM. O Programa é uma iniciativa do Governo do Paraná e é executado pela Fundação Araucária, com o apoio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Yaraslava atua no Instituto Taras Shevchenko de Literatura, Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, que fica em Kiev, capital do país. A área de pesquisa envolve preservação e digitalização de poesias. No Brasil, ela pretende estudar e identificar paralelos entre a língua portuguesa e a ucraniana, por meio se sistemas de inteligência artificial. “Estou muito feliz por estar aqui na UEPG. Como pesquisadora literária da Ucrânia, aprendi a importância de proteger a memória, por meio da preservação e digitalização de arquivos, e acredito que o diálogo cultural entre os países está se tornando cada vez mais essencial”.
A pesquisa de Yara se baseia no trabalho de Vira Vovk, escritora, poeta e tradutora brasileira-ucraniana, que ao longo de décadas fez paralelos sobre a literatura dos dois países. “Eu espero continuar explorando essas conexões e estudar como a inteligência artificial pode nos ajudar a compreender poesia em diferentes idiomas. Sou verdadeiramente grata por realizar pesquisas em um lugar tão acolhedor e seguro”, completa.
O Programa
Esta ação conta com o apoio de instituições parceiras acadêmicas, governamentais e de diversos outros segmentos (internacionais e nacionais) que possuem o intuito e a missão primordial de localizar as cientistas ucranianas para que tenham acesso, conheçam e sintam vontade em aderir ao Programa.
Os pesquisadores podem também receber o auxílio complementar de R$1.000,00, por dependente abaixo de 18 anos e/ou ascendente acima de 60 anos. O limite deste auxílio é estabelecido em três complementos de R$1.000,00 para cada pesquisador selecionado. Os cientistas que possuem mais de cinco anos de experiência em pesquisa (Bolsa categoria Pesquisador Visitante Especial 1), receberão a bolsa de R$10mil reais cada, e os pesquisadores que possuem menos de cinco anos de experiência e receberão a (Bolsa categoria Pesquisador Visitante Especial 2), que é de R$5.500 reais cada.
“Esse Programa tem impactado o sistema de ciência, tecnologia e inovação significativamente, pois os pesquisadores contribuem, dentre outras iniciativas, com os nossos programas de pós-graduação. Essa troca de conhecimento pode ser identificada nas mais variadas áreas e resulta no desenvolvimento de pesquisas e projetos conjuntos, não só com as nossas universidades, mas também com a de outros países, fortalecendo as ações de internacionalização”, destacou a coordenadora da Área Internacional da Fundação Araucária, Eliane Segati.
Acolhida
Dentre os pesquisadores ucranianos que foram recebidos por meio do Programa, pode-se destacar o professor Dmytro Slinko, que atua na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Há dois anos, chegou ao Brasil com sua esposa, Kateryna, e as filhas de 12 e 6 anos.
A decisão de deixar a terra natal foi difícil, tomada após um foguete atingir as proximidades da casa deles em Cherkasska Lozova. Escolheram o Brasil por sua promessa de segurança, oportunidades acadêmicas e cultura acolhedora, e foram recebidos com uma hospitalidade que superou todas as expectativas.
“Em Jacarezinho, desde o primeiro dia, sentimos o calor humano dos brasileiros. Lembro-me das nossas primeiras saídas ao shopping local, onde fizemos amigos e experimentamos a generosidade da comunidade, algo que contrastou com experiências mais distantes que tivemos na Europa. A UENP nos acolheu de braços abertos, e o apoio da Fundação Araucária, do Governo do Paraná e da SETI foi essencial para nossa integração e continuidade do trabalho acadêmico. Apesar da saudade da Ucrânia e do desafio inicial de aprender português, encontramos no Brasil um lar onde nossas filhas estão felizes, estudando em escolas locais e sendo recebidas com carinho”, enfatizou Dmytro.
Na UENP, o professor leciona criminologia e direito penal, coordena dois projetos: Jean Monnet: o EU-Crimjcoop, que explora a política criminal da UE, e o PROTECTIVE-EU, focado na proteção dos direitos humanos de grupos vulneráveis, como refugiados e pessoas com deficiência. A pesquisa avança na análise de teorias processuais penais, propondo novos referenciais para isenção de responsabilidade criminal.
Já a professora Kateryna Slinko, que também é uma pesquisadora acolhida pelo Programa, atua na UENP e participa do projeto PROTECTIVE-EU, leciona sobre os direitos de crianças e idosos em contextos de guerra e discriminação, temas que ressoam com a experiência na Ucrânia.
“Além da academia, continuo nosso trabalho com a fundação “Help is Me”, que na Ucrânia apoiava famílias com crianças com necessidades especiais e agora, no Brasil, envolve projetos voluntários, como minha participação na Pastoral da Criança no Paraná, ajudando mulheres grávidas e crianças vulneráveis. Essas experiências aprofundaram minha compreensão do sistema jurídico e social brasileiro, reforçando meu compromisso com os direitos humanos. A saudade da Ucrânia permanece, mas o Brasil nos ofereceu oportunidades únicas para contribuir e crescer. Sou imensamente grata à Fundação Araucária pelo apoio que tornou isso possível”, reforça Kateryna.
Fonte: Assessorias de Comunicação da Fundação Araucária e da UEPG.
Fotos: Assessoria de Comunicação da UEPG e Arquivo Pessoal.