Projetos apoiados pela Fundação Araucária promovem direitos à saúde da mulher 18/03/2024 - 03:22

Realizar palestras, rodas de conversas e oficinas temáticas para alertar sobre a importância do enfrentamento da violência contra mulher é o objetivo principal dos projetos de extensão “Mulheres que cuidam de mulheres: sororidade para o enfrentamento da violência e promoção da saúde” e “Mulheres e Conhecimento: construindo caminhos”. Ambos são desenvolvidos pela UniCesumar, em Maringá, e recebem o apoio da Fundação Araucária.

Iniciado em dezembro de 2022 e com previsão de duração de 16 meses, “Mulheres e Conhecimento: Construindo Caminhos” é realizado em parceria com a entidade Abrigo Deus Cristo e Caridade, uma organização filantrópica dedicada, há mais de 30 anos, a apoiar famílias em situação de vulnerabilidade social.

“O projeto criou um espaço onde as mulheres pudessem ser ouvidas e compreendidas, com temas atuais e extremamente necessários para quando saírem da instituição”, afirma Letícia Souza, psicóloga da entidade.

Segundo a professora Maria Ligia Elias, coordenadora do projeto, até o momento foram realizadas oficinas com temáticas voltadas a educação financeira, violência contra a mulher, “Navegando com segurança no mundo mobile”, participação política e “Internet e autonomia”.

“Nosso objetivo é compartilhar o conhecimento da Universidade por meio de oficinas temáticas facilitadas por especialistas e que tratem de questões relativas à vida das mulheres, meninas e suas famílias, envolvendo a comunidade como um todo”.

Daniela Rezende, doutora em Ciência Política, ministrou uma palestra sobre temas relacionados à igualdade de gênero e a participação e empoderamento de mulheres na política.

“Esses temas precisam ser abordados de uma maneira menos formal, de forma que mobilize também o cotidiano, as experiências das pessoas de engajamento e participação em movimentos, associações, mas também a participação eleitoral que ela é mais disseminada”.

Mulheres que cuidam de mulheres: sororidade para o enfrentamento da violência e promoção da saúde - foi desenvolvido durante todo o ano de 2023 e seguirá até julho de 2024. As ações dos últimos meses consistem na distribuição de materiais gráficos como flyers, folders e cartazes sobre a importância do enfrentamento da violência e com informações sobre os serviços especializados para mulheres em situação de violência.

“Nos encontros tivemos pessoas que se perceberam vivendo relacionamentos tóxicos, profissionais da saúde que tomaram consciência do quanto são importantes para o enfrentamento da violência, pedagogas que afirmaram ter percebido a necessidade de realizarem um trabalho mais efetivo em suas escolas para proteção das crianças e adolescentes”, relata Tania Maria Gomes da Silva, coordenadora do projeto.

Acadêmica do curso de Medicina e bolsista da Iniciação Científica, Carla Cristina Rodrigues percebe que a maioria dos médicos não entende e não sabe lidar com situações de violência contra a mulher e acabam violentando novamente essas mulheres que já estão fragilizadas.

“Participar do projeto tem ampliado meus conhecimentos sobre o papel da mulher na sociedade, sobre as violências enraizadas na nossa cultura e sobre o impacto disso na saúde delas de forma geral. Acredito que terei um olhar muito mais acolhedor e empático quando me deparar com esse tipo de situação”.

Alexandra Lourenço, socióloga e doutora em Ciência Política, que conduziu uma palestra sobre feminismo em um dos encontros, defende que projetos de extensão permitem que a universidade dê retornos para a sociedade, além de aprender com a comunidade.

“Na palestra eu fiz um resgate histórico sobre o fenômeno da violência contra as mulheres e as políticas de enfrentamento. Eu considero muito importante trabalhar esse tema porque nós temos índices bastante altos, especialmente no caso da violência doméstica”.

Números de violência contra mulher - Três a cada dez brasileiras já foram vítimas de violência doméstica, de acordo com a 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, feita pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV).

Dados mais recentes também apontam que de janeiro a outubro de 2023, somente a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 atendeu uma média de 1.525 ligações telefônicas por dia. Foram 461.994 atendimentos, sendo 74.584 deles referentes a denúncias de violência contra mulheres. Em 2022, nesse mesmo período, foram 73.685. Do total de denúncias recebidas pelo Ligue 180 no período, 51.941 foram realizadas pela própria mulher em situação de violência.

Já segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, nos primeiros seis meses de 2023 o estado teve 111.804 casos de violência contra a mulher, 36.335 casos de violência doméstica e 5.691 casos de violência sexual.

Apoio da Fundação Araucária - Para o projeto Mulheres e Conhecimento: construindo caminhos, o valor investido pela Fundação Araucária foi de R$ 13.390, destinado ao pagamento da bolsa de Iniciação Científica para uma aluna da graduação e para passagem e hospedagem de uma palestrante.

Já para o projeto Mulheres que cuidam de mulheres: sororidade para o enfrentamento da violência e promoção da saúde”, o investimento foi de R$ 24.350,00, utilizado para pagamento de passagem e hospedagem para uma das palestrantes, aquisição de um notebook, produção de material gráfico, contratação de empresa especializada em mídias digitais que realizou todo o material com disponibilização online e, por fim, o pagamento de bolsa para uma estudante que auxiliou em todas as etapas do projeto. “Os recursos procedentes da FA foram fundamentais para que o projeto pudesse ser realizado de modo mais consistente e organizado”, comemora Tania Maria.