Pesquisador do NAPI Emergências Climáticas é painelista na COP 28, em Dubai 11/12/2023 - 12:03

O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e articulador do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Emergências Climáticas, Francisco Mendonça, participou neste domingo (10) do painel organizado pela United Nations Habitat (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos) realizado durante a 28ª sessão da Conferência das Partes (COP28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que acontece até esta terça-feira (12) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Esta foi a primeira vez que o pesquisador participou da COP, que acontece anualmente, para tomar decisões relativas à implementação da Convenção-Quadro e para combater as alterações climáticas. Entre os debates foram discutidos os impasses a respeito das metas de redução de emissão de gases do efeito estufa e as políticas de compensação aos países mais pobres e atingidos pelas mudanças climáticas.

Durante sua fala no painel “Governança multinível para ações climáticas, alimentares e de biodiversidade”, neste domingo (10), o professor Francisco Mendonça, destacou estre as principais ações desenvolvidas no Paraná a contribuição do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Emergências Climáticas, iniciativa da Fundação Araucária, que conta além da UFPR com a participação de pesquisadores de outras oito universidades e centros de pesquisa do Paraná com parcerias públicas e privadas.

“Estamos desenvolvendo um programa que visa avançar no conhecimento das mudanças climáticas no Paraná e ao mesmo tempo propor estratégias e ações para a atuação sobre os riscos à mitigação e resiliência climática. Visando a mitigação do lançamento dos gases de efeito estufa pelo estado e, ao mesmo tempo, traçar cenários de adaptação para as mudanças que se fazem já presentes e que irão se intensificar”, explicou Mendonça.

O articulador do NAPI Emergência Climáticas destacou ainda que o Paraná foi um dos únicos estados brasileiros a participar desta ação da United Nations Habitat, unidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata dos assentamentos humanos ligada à questão alimentar e aos fenômenos estremos, especialmente, as ações que estão sendo desenvolvidas na escala regional e local.

Francisco Mendonça disse que, em muitos painéis, ficou evidente a necessidade de avançar no conhecimento científico e na produção de dados com base em ciências para compreender melhor as mudanças climáticas e saber em termos de dados, com indicadores quantitativos e qualitativos, quais são as transformações e mudanças já ocorridas, além das ações para enfretamento do problema. Observou a importância de iniciativas como o NAPI Emergência Climáticas.

“Vimos que é preciso investir muito em ciência e produção de dados e gostaria de destacar o papel a Fundação Araucária e de outras instituições apoiadoras da ciência no Brasil. Que possam dedicar, cada vez mais, investimentos e recursos para que a ciência continue avançando. O que a Fundação está fazendo no caso do NAPI já é muito importante, ou seja, financiando nossos projetos e ações que vão trazer dentro de dois a três anos dados muito mais consistentes e confiáveis para entender como as mudanças estão acontecendo no Paraná e quais são os requisitos necessários para enfrentar o problema”, comenta.

Ele enfatizou ainda necessidade de mais investimentos para a produção científica em nível nacional. “Muito tem sido discutido aqui na COP que é preciso que no Brasil a gente saia do discurso genérico, sem dados e com pouca base científica, para utilizar mais o conhecimento da ciência e da técnica para mostrar, com dados, o que está acontecendo e o que é preciso fazer. Porque, efetivamente, o País não vai conseguir avançar com convencimento externo só com discurso”, disse.

“Portanto, este tipo de fomento como acontece no NAPI é de fundamental importância e tem sido ressaltado muito aqui a necessidade em avançar no conhecimento sério, profundo e com dados das mudanças climáticas e seus impactos. Também investir em formas de descarbonização, em formas de recuperação dos biomas é algo fundamental e o NAPI Emergências Climáticas está avançando neste sentido. Um dos grandes desafios para o Brasil é a necessidade de investimento na produção do conhecimento científico. A Fundação Araucária está fazendo sua parte, mas é preciso avançar mais ainda nacionalmente”, afirma Francisco Mendonça.

COP 28 - A COP 28 é a reunião dos países que se envolvem direta e indiretamente com questões que envolvem as mudanças climáticas. Trata-se de um evento de escala global e que envolve tanto líderes políticos, quanto iniciativa privada, movimentos sociais, setor público e terceiro setor para debater e buscar alternativas para conter ou controlar o aquecimento climático global cuja característica principal são os problemas gerados para a humanidade ou às ameaças à vida como um todo.

Durante a COP busca-se avançar no conhecimento das mudanças climáticas e ao mesmo tempo procurar alternativas e implementar ações, em todo o mundo que busquem reduzir as emissões de gases de efeito estufa, portanto reduzir os impactos das mudanças climáticas sobre as atividades humanas e sobre a base ecológica da vida. No Brasil este tema parte da agenda política geral de toda a sociedade e agora na COP em Dubai mais de 2 mil brasileiros estão participando.

“Eu me inscrevi como participante da delegação brasileira mas vim à Dubai, como vários cientistas, porque é com base na ciência que as discussões avançam, para trazer contribuições para o debate e para, juntamente com a comunidade mundial, tentar avançar em ações locais e regionais. Tanto no conhecimento como na mitigação, adaptação e resiliência aos impactos das mudanças climáticas globais”, comenta o articulador do NAPI Emergência Climáticas Francisco Mendonça.

A participação de pesquisadores brasileiros é de suma importância, dado o fato de que o Brasil é um dos mais importantes países na discussão das mudanças climáticas globais. O Brasil tem uma das maiores áreas de florestas do mundo e estas áreas são responsáveis por uma atuação importantíssima no controle das mudanças climáticas globais.

“Um dos maiores desafios é avançar no conhecimento científico do clima e das mudanças climáticas globais na escala regional e local. Esse conhecimento é fundamental para ações de mitigação, adaptação e resiliência aos impactos dos eventos extremos do clima; mapear os riscos e as vulnerabilidades localmente, como é o caso do Paraná, torna-se um imperativo de nossos dias. A Fundação Araucária está financiando este tipo de ação que integra a pesquisa científica e ações com instituições públicas, privadas e sociedade civil”, observa o pesquisador.

Mendonça destacou a importância do investimento na restauração de florestas e áreas degradadas para que o Brasil avance ainda mais no tema. “Brasil tem papel fundamental no processo. Um novo manejo da produção agrícola, industrial e da urbanização precisa ser construído sob o espírito da justiça climática e da justiça social em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Brasil está sensibilizando vários países ricos para investir na recuperação das florestas e dos territórios das populações originárias, por exemplo, e isto indica novos caminhos para o desenvolvimento futuro do País. Mas temos de fazer nosso dever de casa”, ressalta.