Universidades capacitam mulheres do campo para a gestão e liderança 09/03/2023 - 09:26

Diante da forte vocação do Paraná para a agricultura e agropecuária, é grande o número de projetos desenvolvidos pelas universidades voltados ao setor. Muitas ações estão sendo desenvolvidas também dentro do Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança idealizado pela Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). 

Um destes projetos é o “Empoderando Mulheres do Campo: capacitação para gestão e liderança em empreendimentos de turismo rural sustentável” coordenado pela professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste-Toledo) Carla Maria Schmidt.

A pesquisadora afirma que o turismo rural sustentável é um segmento de cunho econômico e social, que tem potencial de prover igualdade nas relações de trabalho entre o homem e a mulher. “Contudo, a força do trabalho feminina em atividades agrícolas é vista apenas como complemento, de modo que o homem é considerado o detentor da mão de obra necessária. Mas entendemos que o turismo rural configura uma área na qual a mulher pode desempenhar papel atuante, realizando funções que impactem econômica e socialmente”, defende Carla Schmidt. 

As ações do projeto estão sendo desenvolvidas com mulheres do campo que possuem empreendimentos de turismo rural sustentável na microrregião de Toledo – PR. No momento, a equipe está localizando e investigando os empreendimentos com possibilidade de inserção e participação feminina. 

“Estamos visitando, vamos fazer entrevistas com elas e elaborar um material para capacitarmos estas mulheres. Vamos trabalhar o empreendedorismo e empoderamento feminino, também a importância da mulher no turismo rural, a gestão, tecnologias digitais e marketing e por fim vamos trabalhar lideranças com estas mulheres”, explica a coordenadora. 

Espera-se que a partir da apresentação dos resultados e do desenvolvimento da capacitação e das pesquisas, as mulheres consigam atuar com maior direcionamento e segurança, se sentindo mais empoderadas frente ao desafio de serem empreendedoras.

“O empoderamento destas mulheres auxilia na manutenção dos agricultores familiares e de seus filhos no campo. Este projeto contribui diretamente na solução de problemas da sociedade atual transformando a comunidade atendida”, destaca Carla Schimidt. 

Na região de Maringá as produtoras de café estão participando do projeto “Liderança feminina em agrossistemas sustentáveis: reconhecendo o papel das mulheres para a sustentabilidade em cadeias de valor no Paraná”. O objetivo principal nesta proposta é promover a formação de mulheres para liderança na produção, comercialização e coordenação de cadeias de valor sustentáveis, despertando em agricultoras paranaenses o reconhecimento sobre o seu papel na promoção da sustentabilidade.

Segundo a coordenadora e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sandra Mara de Alencar Schiavi, nas ações é possível perceber a necessidade de capacitação em gestão para estas mulheres. “Por isso enfatizamos todas estas questões que envolvem planejamento, gestão, definição de estratégia e desenvolvimento sustentável, questões relativas a própria organização coletiva e à necessidade de liderança”, explica a coordenadora.

O projeto prevê atividades que desenvolvam as competências das mulheres em termos de liderança. Serão realizadas oficinas para discutir o papel de cada uma. “Dentro do grupo elas têm um núcleo diretor em que cada uma tem suas atribuições como tesoureira, secretária, presidente e a implementação das ações estratégicas definidas no coletivo dependem da coordenação e da liderança que vai acontecer dentro deste grupo”, ressalta Sandra Schiavi.

Segundo a professora, principalmente na atividade agrícola e pecuária, o espaço da mulher é muito difícil de ser definido e garantido. Por meio das ações desenvolvidas no projeto, busca-se a capacitação de competências e habilidades necessárias para que as mulheres atuem de maneira coletiva e que busquem a valorização daquilo que produzem.

“Para que as mulheres se empoderem nesse processo de gestão, de inserção em mercados e de valorização da mulher em todos os aspectos”, completa. 

O projeto foi desenhado também para trabalhar com produtoras de hortícolas orgânicas e poderão ser identificados outros grupos a partir de interações com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR- Paraná). 

Na última reportagem desta série de matérias especiais na semana da mulher serão mostrados projetos voltados a mulheres indígenas e em situação de vulnerabilidade social. 
 

Por Ticiane Barbosa