A diretoria da Fundação Araucária recebeu, nesta segunda-feira (24), uma delegação de pesquisadores da Universidade Tecnológica de Compiègne (UTC), da França, para apresentar a representantes das instituições paranaenses de ciência, tecnologia e inovação o mecanismo inovador de Validation des Acquis de l’Expérience (VAE) — Validação das Competências Adquiridas pela Experiência. O encontro marcou o início das tratativas para uma missão técnica internacional envolvendo a universidade francesa e as universidades estaduais do Paraná.

Criado na França nos anos 1980, o sistema VAE consolidou-se com a Lei de Modernização Social de 2002, que instituiu o direito a profissionais com ao menos três anos de experiência solicitar a validação de suas competências para obtenção de diplomas ou títulos reconhecidos pelo ensino superior. A UTC adotou o modelo em 2003 e, desde então, aplica um processo rigoroso de avaliação para transformar a trajetória profissional de um indivíduo em certificações acadêmicas formais.

“Este mecanismo representa uma ruptura paradigmática com o modelo tradicional de formação, ao reconhecer que o conhecimento e as competências podem ser adquiridos não apenas em ambientes formais de ensino, mas também através da prática profissional, da formação continuada não formal e das experiências vivenciadas no mundo do trabalho”, destacou a diretora de Treinamento e Pedagogia, Engenheiro de Pesquisa Sênior da UTC Magdalena Villette.

O vice-diretor de treinamento da UTC, Etienne Arnoult, explicou que o dispositivo não anula a importância das disciplinas tradicionais, mas sim valoriza a experiência profissional. Ele enfatizou que o processo envolve legislação específica, regras consolidadas e a elaboração de um dossiê detalhado pelo candidato. “Além disso, ele vai passar por uma banca composta por pesquisadores acadêmicos e profissionais da área. Momento em que o candidato deverá comprovar que tem as competências diferenciadas e necessárias para conquistar o diploma. Obviamente, ao demonstrar a resolução de um problema na prática, ele vai fazer uso de conceitos teóricos”, observa.

Para o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, o modelo francês se destaca pela combinação entre flexibilidade procedimental e rigor acadêmico, permitindo reconhecer trajetórias diversas sem comprometer a qualidade da formação superior. “Estamos iniciando uma discussão rica para verificar a possibilidade de termos as nossas universidades incorporando propostas similares, possibilitando um maior acesso a profissionais de outras faixas etárias e ampliando enormemente a função social da universidade pública. Vamos organizar uma delegação para conhecer a experiência da UTC in loco”, afirmou.

Wahrhaftig lembrou que setores estratégicos da economia paranaense enfrentam um paradoxo: contam com trabalhadores altamente capacitados pela prática, mas que carecem de certificação formal para avançar na carreira ou participar de projetos que exigem comprovação acadêmica. “Essa lacuna limita o desenvolvimento profissional e a competitividade das empresas”, observou.

Os representantes da UTC reforçaram que o VAE oferece um caminho concreto de evolução profissional ao reconhecer competências reais construídas ao longo das trajetórias laborais — aproximando o ensino superior das demandas do mercado e ampliando oportunidades de qualificação para trabalhadores experientes.

De Curitiba a delegação francesa segue para Ponta Grossa, onde visita a Universidade Estadual de Ponta Grossa, também a Universidade Estadual do Centro-Oeste em Guarapuava; passam por Cascavel onde visitam a Universidade Estadual do Oeste do Paraná e, por fim, estarão na Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) em Foz do Iguaçu.  do formulário