O empoderamento das mulheres com ações de combate à violência é tema de projetos apoiados pela Fundação Araucária 07/03/2023 - 10:13

O Governo do Estado está investindo R$ 4 milhões no Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança, por meio da Fundação Araucária e a da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A ação envolve as sete universidades estaduais, três federais (UFPR, UTFPR, UNILA), as privadas Pontifícia Universidade Católica do Paraná-PUCPR e o Instituto Cesumar, além do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná. 

Juntas as instituições desenvolvem 86 projetos voltados às mulheres paranaenses com temas que envolvem o combate à violência contra a mulher, mulheres indígenas, mulheres em situação de rua, em situação de vulnerabilidade, empreendedorismo, mulheres na agricultura familiar, meninas na ciência, saúde da mulher, empoderamento de mulheres do campo, entre outros. O prazo de execução dos projetos é de até 48 meses. 

Para o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, as instituições de ensino superior do estado têm muito a contribuir no desenvolvimento de ações que contribuam com o bem estar das mulheres e no levantamento de políticas públicas direcionadas a elas. “Grande parte deste programa foi pensado por mulheres, tivemos representantes de todas as instituições envolvidas no seu desenvolvimento. São ações para a formação de lideranças que abrangem todas as regiões do Paraná e focadas em importantes problemas locais”, explicou o presidente. 

Nesta semana em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher preparamos uma série de matérias com alguns exemplos dos projetos que integram o programa iniciando pelo empoderamento por meio de ações de combate à violência contra as mulheres. 

Como objetivo de consolidar em um único banco de dados os números das instituições que são portas de entrada de casos de violência contra as mulheres no município de Londrina, está sendo realizado o projeto para “A Implementação do Observatório da Violência de Londrina” coordenado pela professora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Sandra Lourenço de Andrade Fortuna. 

“Existem vários sistemas dos serviços de atendimento mas não há uma articulação entre eles. Então a ideia é que esse sistema consiga gerar dados a respeito de todas as particularidades como casos de reincidências e quem são estes agressores, para que possamos construir um diagnóstico da situação em Londrina”, explica a professora Sandra. 

O grupo de pesquisa e extensão integra a Rede Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual e Doméstica de Londrina há doze anos, onde surgiu a demanda pela criação deste sistema inteligente que consiga consolidar uma massa de dados e identificar as principais demandas. 

“O conhecimento da realidade por meio dos dados, o cruzamento e análise aprofundada destes dados são fundamentais para que sejam construídas políticas públicas e serviços que atendam de fato essas mulheres. Ações que vão refletir no fortalecimento das mulheres que sofrem violência, com a possibilidade de que sejam atendidas no âmbito da proteção e da prevenção”, ressaltou. 

O sistema está em fase de implantação em uma parceria entre a UEL, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR- Campus Cornélio Procópio) e a Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres de Londrina. O sistema está sendo desenvolvido pelo professor Cristiano Marcos Agulhari da UTFPR. 

Na mesma frente de trabalho um grupo de pesquisa e extensão realiza diversas ações em nove municípios que integram a Associação dos Municípios da Região Centro-Sul do Paraná (Amcespar), dentro do projeto “Prevenção à violência contra as mulheres: uma visão socioambiental visando ao empoderamento feminino”. 

“Temos visitado estes municípios e discutido com os gestores quais seriam as atividades mais necessárias para cada município no sentido da prevenção da violência contra a mulher”, conta a coordenadora do projeto e professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) Kátia Alexsandra dos Santos.

Além de um levantamento dos casos de violência contra as mulheres na região, a equipe desenvolve ações de prevenção como palestras e debates sobre as políticas públicas voltadas a esta realidade. Outra ação é a formação dos profissionais que atuam com as mulheres em situação de violência para um melhor acolhimento e para que os registros sejam feitos corretamente. 

Há também outra frente de trabalho que faz uma articulação com as questões socioambientais, principalmente vinculadas ao saneamento e qualidade da água com as questões de gênero e de violência contra a mulher.

“Acredito que essas ações são fundamentas no empoderamento das mulheres porque elas promovem a saída das situações de violência. Também existe uma preocupação em fazer uma discussão de gênero que fortaleça as mulheres e meninas para que se engajem em movimentos sociais e se fortaleçam para serem bastante ativas no combate à violência”, explica a coordenadora. 
O tema da próxima reportagem desta série sobre o Programa Mulheres Paranaenses: Empoderamento e Liderança é a saúde da mulher.