NAPI Erva-Mate vai impulsionar inovação e sustentabilidade na cadeia produtiva 03/11/2025 - 19:47

Com o objetivo de fortalecer e valorizar toda a cadeia produtiva da erva-mate no Paraná, foi lançado, nesta segunda-feira (3), o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Erva-Mate: Inovação e Valorização. A iniciativa reúne universidades, centros de pesquisa e representantes do setor produtivo em torno de ações voltadas à adoção de sistemas de cultivo mais sustentáveis e eficientes, à otimização de processos industriais e à diversificação dos usos da matéria-prima. O investimento, no valor de R$ 3,9 milhões, é do Governo do Estado do Paraná, por meio da Fundação Araucária.

O Paraná é o maior produtor nacional de erva-mate, que possui grande relevância econômica, social e cultural para o Estado. Segundo a professora Vânia de Cássia Fonseca Burgardt, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e articuladora do NAPI, o projeto busca integrar toda a cadeia produtiva, da produção primária ao consumo final, promovendo inovação e maior competitividade.

“Queremos desenvolver formas de produção mais rentáveis, que permitam ao pequeno produtor obter um ganho maior. Além disso, buscamos reduzir contaminantes que dificultam a exportação, garantindo um produto de maior qualidade e valor agregado”, explica Vânia.

Há também estudos em andamento sobre os possíveis benefícios da erva-mate para a saúde. “Podendo ser benéfica para o coração, para o metabolismo do nosso organismo. A partir desses estudos clínicos, a gente pode indicar o uso da erva-mate, por exemplo em medicamentos, na própria indústria farmacêutica”, comenta Vânia.

Segundo o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, o NAPI Erva-Mate é mais um passo para fortalecer a relação entre a universidade e a sociedade. “Esse NAPI em particular chama muito atenção pelo envolvimento da sociedade civil organizada na região. Ele conta com um grupo bem expressivo, o que para nós é uma satisfação, o fato dessa proximidade das universidades com quem utiliza as pesquisas, quem vai utilizar os resultados. Então para nós é uma satisfação, é um NAPI diferenciado e voltado para entregas bem tangíveis”, afirma o diretor.

Outro foco importante do projeto é o uso da erva-mate como alimento. A iniciativa prevê o desenvolvimento de novas receitas e produtos alimentares com potencial de aceitação ampla, inclusive para inserção na merenda escolar.

“A erva-mate é extremamente rica e versátil. Queremos ampliar seu uso na alimentação e promover cursos de capacitação para produtores e merendeiras, difundindo conhecimento e boas práticas”, acrescenta Vânia.

Setor produtivo - A diretora da Associação das Indústrias do Mate do Paraná (APIMATE) e CEO da startup “e aí, bora — erva-mate fora da cuia”, Dayana Lubian Jankowski, destacou os desafios e avanços necessários para que a cadeia produtiva da erva-mate conquiste novos mercados e maior valorização.

“Nosso desafio à frente da APIMATE é muito grande. Mais do que aproximar universidades e indústrias, precisamos fazer com que o setor olhe para a erva-mate sob uma nova perspectiva — com uma visão de negócio moderna e integrada”, afirmou Dayana.

Ela ressaltou que o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Erva-Mate representa um importante avanço nesse processo, especialmente por fomentar a padronização e a identidade do produto.

“O NAPI vem para nos fortalecer, principalmente quando tratamos de padrões de qualidade e identidade da erva-mate. Hoje, cada indústria produz à sua maneira, e o consumidor acaba sem referência. Eu, que vim da indústria e hoje atuo no campo da inovação, com a minha startup, vejo que é essencial estabelecer padrões e garantir uma identidade clara. O consumidor tem o direito de saber o que está consumindo e de ter acesso a novos produtos com todos os seus benefícios”, defendeu a empresária.

Eixos de atuação – O NAPI Erva-Mate será estruturado em quatro eixos temáticos principais. No eixo da produção primária, coordenado pela EMBRAPA Florestas, serão validados genótipos com características químicas e sensoriais diferenciadas. Serão realizadas a implantação de sistemas de cultivo inovadores e estudo de viabilidade econômica.

Já o eixo de processamento é coordenado pela UNIOESTE e conta com apoio da UTFPR e EMBRAPA Florestas, e visa otimizar processos industriais e desenvolver protocolos para classificação sensorial da matéria-prima.

“Hoje a erva mate chega na indústria e não tem um direcionamento adequado de acordo com a qualidade que ela apresenta. Então a gente também quer desenvolver protocolos para a indústria conseguir fazer essa classificação e direcionar, de forma mais assertiva, a nossa matéria-prima. Por exemplo, essa matéria-prima que chegou nesse lote é melhor para chimarrão, é melhor para tererê. Enfim, isso também é um avanço muito significativo que vai agregar muito valor ao produto”, destaca a professora Vânia.

O terceiro eixo de trabalho diz respeito ao produto e consumidor: Esse Eixo é coordenado pela UTFPR e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em cooperação com a SUSTENTEC (instituição que agrupa produtores, técnicos e profissionais ligados ao desenvolvimento sustentável) e universidades internacionais, que realizarão estudos clínicos, caracterização sensorial, pesquisa com consumidores e desenvolvimento de novos produtos.

O último eixo coordenado pela UTFPR, com apoio técnico do IDR-Paraná, envolve a realização de treinamentos e ações de devolutiva aos diversos segmentos da cadeia produtiva, além da elaboração do plano de comunicação do NAPI, voltado à disseminação dos resultados e inovações tecnológicas.

O setor produtivo, representado pela Associação de Produtores e Industriais de Erva-Mate (APIMATE), atuará de forma colaborativa em todos os eixos, contribuindo com a validação prática das ações e com a transferência de tecnologia para o mercado.

Confira aqui a cerimônia de lançamento do NAPI Erva-Mate: Inovação e Valorização.