Startup desenvolve tecnologia para a produção de proteína alternativa à carne a partir de fungos e que pode ser usada até em sorvetes 23/02/2024 - 16:38

Já pensou em consumir uma proteína com sabor muito semelhante ao da carne animal, porém mais nutritiva, saudável e produzida através da fermentação da raiz dos cogumelos? É isso mesmo, a partir do micélio podem ser produzidos ainda snacks e até sorvete. Esta proteína de fungos para utilização na indústria de alimentos é a base de produção da empresa Typcal que integra o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Proteínas Alternativas, iniciativa da Fundação Araucária.

Criada em 2019, a Typcal está sediada em São Paulo e tem uma fábrica em Curitiba. O co-fundador e CEO da Typcal, Paulo Unger Ibri, explica que a empresa trabalha para a produção de alimentos mais saudáveis e para maior sustentabilidade do planeta a partir de proteínas alternativas.

“A estrutura dos fungos é muito mais próxima de uma proteína animal do que de uma proteína vegetal. Com esta proteína podemos desenvolver diferentes produtos e não apenas substitutos de carne animal. Esse processo de biotecnologia que nós desenvolvemos é completamente inovador e pioneiro na América Latina”, completa o CEO da Typcal.

Embora sejam mais populares entre os consumidores vegetarianos e veganos, diante da crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável, saúde humana e bem-estar animal, os estudos e o mercado de proteínas alternativas à carne ganham cada vez mais evidência.

“Como esta tecnologia é super escalável, rápida e totalmente indoor, ou seja, clima independente pois não precisamos de terra, água ou sol como as outras proteínas de mercado, a nossa expectativa é de que em até cinco anos o preço destas proteínas seja até mais barato do que uma proteína animal. Então estamos falando de um alimento não apenas mais nutritivo e mais saudável como também mais barato que qualquer outra proteína disponível”, enfatizou Paulo Unger Ibri.

No Paraná, o NAPI Proteínas Alternativas tem contribuído para alavancar os benefícios potenciais do setor, contribuindo para o desenvolvimento de produtos que incorporem a identidade e marca do Paraná afim de reforçar o protagonismo do estado nas diferentes frentes da indústria de proteínas.

Além de pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa, startups e empresas como a Typcal Alimentos também integram a rede como destaca a articuladora do NAPI e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Forte Molento.

“A presença das empresas dentro do NAPI, como é o caso da Typcal, faz com que tanto as inovações que a pesquisa aponte sejam imediatamente transferidas para as empresas, como também que as demandas das empresas aquelas perguntas mais relevantes para serem respondidas pela pesquisa sejam discutidas constantemente. Então esta parceria entre a pesquisa que ocorre nos institutos de pesquisas e nas universidades e a aplicação prática que é feita no campo e na indústria é fundamental”, afirma a pesquisadora.

A importância desta nova indústria fica evidente considerando as previsões de inserção no mercado, que variam em torno de 60% do mercado global de carnes sendo suprido por carnes vegetais e celulares no ano de 2040.

A preocupação com a qualidade da alimentação e a vontade de fazer o bem para o ecossistema alimentar foram os principais motivos que levaram à criação da empresa Typcal. O empresário Paulo Unger Ibri destacou também os avanços que foram possíveis à startup com o apoio recebido ao participarem do Programa Centelha. 

O Programa Centelha visa estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. Oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso. A iniciativa conta com recursos totais de R$ 3 milhões de reais, sendo R$ 2 milhões provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e R$ 1 milhão de contrapartida da Fundação Araucária.

“O Centelha é uma excelente oportunidade de estimular o empreendedorismo inovador e apoiar a geração de empresas de base tecnológicas a partir da transformação de ideias inovadoras em empreendimentos que incorporem novas tecnologias aos setores econômicos estratégicos do Estado do Paraná”, disse o diretor científico, tecnológico e de inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

O programa oferece recursos financeiros de até R$ 60 mil por projeto contemplado. A expectativa é apoiar 50 empreendimentos inovadores. Até o momento 30 já foram contratados. O programa também oferece bolsas de fomento tecnológico e extensão inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) no valor de até R$ 26 mil.

“Conseguimos acelerar nossas pesquisas e desenvolvimento de produtos utilizando o recurso do Centelha. Elaborando processos e, com isso, chegando a um produto que já está pronto para ser lançado no mercado”, salientou Paulo.

Atualmente a produção da empresa ocorre em escala piloto já em testes com a grande indústria. A previsão é de que o produto esteja disponível para o mercado ainda em 2024.

Pesquisa científica – De 8 a 11 de julho será realizada a I Conferência Internacional Cell Ag Brazil & I Encontro NAPI Proteínas Alternativas, na Universidade Federal do Paraná em Curitiba. O evento tem por objetivo reunir os principais atores envolvidos com a nova indústria de proteínas alternativas, em torno das necessárias discussões para a aceleração da agricultura celular no Brasil e na América Latina.  O evento é organizado pelo NAPI Proteínas Alternativas e pela Associação Brasileira de Agricultura Celular.  Confira Aqui a programação completa.