Evento discute situação brasileira e mais investimentos em inovação 22/11/2010 - 17:00

Os subsídios para a construção de uma visão estratégica de ciência, tecnologia e inovação no Paraná foram tema da palestra do presidente do Conselho Paranaense de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (CPPG), Sérgio Scheer. Ele participou nesta sexta-feira (19) do IV Encontro de Ciência e Tecnologia do Paraná.

Scheer falou da necessidade de se pensar uma gestão compartilhada entre as várias secretarias de Estado, para que se tenha efetivamente uma política de ciência, tecnologia e inovação no Paraná.

“É preciso formular um plano de ação que contemple as ações que já estão em desenvolvimento, como, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), Política Nacional de Defesa, Plano de Desenvolvimento da Saúde e Plano de Desenvolvimento da Agropecuária”, argumentou.

Para construir uma política de Estado, Sheer explicou ser necessário considerar as diferenças regionais, as prioridades estaduais, a interiorização e as respostas a demandas sociais e econômicas. “É preciso fortalecer o sistema estadual de ciência, tecnologia e inovação, dando a ele mais agilidade e flexibilidade no apoio ao desenvolvimento regional sustentável.”

Sergio Scheer
Sergio Scheer - Presidente do CPPG


Sheer comentou também a necessidade de aprovação da lei de inovação do Paraná, para regular e facilitar a interação universidade-empresa. “Definir um arcabouço legal adequado à realização da pesquisa científica e tecnológico com recursos públicos e privados nacionais e internacionais de fomento, cria um ambiente de segurança jurídica para a gestão dos projetos”, explicou.

Na última palestra da sexta-feira, o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Mário Neto Borges, falou sobre o “Papel das Fundações de Amparo à Pesquisa na governança da Ciência, Tecnologia e Inovação”.

Segundo ele, houve uma rápida expansão da ciência e da tecnologia, uma expressiva demanda por inovação e mudanças significativas na educação.

“Nossa população é de 2,8% da população mundial, respondemos por 1,9% do PIB mundial, e nossa produção científica alcança a marca de 2% de tudo o que é produzido no mundo. Porém, nossa participação em inovações tecnológicas é de apenas 0,2%”, explicou Borges.

Borges deu alguns exemplos da situação brasileira em relação às patentes registradas no escritório de patentes e marcas registradas dos EUA (Uspot). Em 2000, o Brasil tinha 220 patentes registradas, enquanto a China possuía 469. Cinco anos depois, o Brasil somava apenas 340, enquanto a China já reunia mais de 3,5 mil patentes.

Nos investimentos em ciência, tecnologia e inovação em relação ao PIB per capita, o Brasil está bem abaixo de países como a Coréia do Sul, Estados Unidos e Inglaterra.

Para mudar essa realidade, são necessários, segundo Borges, mais investimentos em educação, com prioridade para um sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. “Diante dessa situação, o Confap tem papel estratégico. No ano de 2009, foram investidos R$ 1,6 bilhão e concedidas mais de oito mil bolsas de mestrado e doutorado.”

Borges defendeu ações articuladas que promovam o desenvolvimento integral do País. “Somos bons em transformar pesquisa em conhecimento, mas não somos bons em transformar esse conhecimento em produto, e esse produto em novas pesquisas. É necessário que os governos coloquem o assunto em suas pautas, e que os empresários tenham coragem para investir nessas tecnologias”, avaliou.


Fonte: Agência Estadual de Notícias