Vamos entender as cepas do novo coronavírus? 09/07/2021 - 22:20

Com o avanço da pandemia da Covid – 19 no Brasil e no mundo, as notícias sobre novas variantes do SARS-CoV-2 vêm se tornando cada vez mais frequentes.Para entender como e por que isso acontece foi realizada uma entrevista com o mestre em Genética e Biologia Molecular e docente do Instituto Federal do Paraná, Bruno Ziraldo.

Como acontecem as mutações dos vírus?

As mutações virais são alterações ocorridas no material genético dos vírus, que podem ser DNA ou RNA, como no caso do SARS-CoV-2. Tais mudanças são como erros de digitação durante a escrita do novo DNA/RNA que ocorrem de modo aleatório, quando o vírus precisa replicar (duplicar) seu material genético durante sua reprodução dentro da célula. Sendo assim, toda vez que um vírus cria uma cópia de si mesmo, pode ocorrer uma mutação.

As mutações, podem ser maléficas, levando a eliminação do novo vírus. Outras são neutras, não melhorando ou prejudicando as chances de sobrevivência ou propagação deles. Por fim, existem mutações vantajosas, que de algum modo beneficiam o vírus, aumentando sua chance de sobrevivência ou propagação, gerando cepas que superam as outras variantes existentes em uma região.

Eles podem causar sintomas diferentes nas pessoas?

Como já dito anteriormente, as mutações são aleatórias e no caso das benéficas aos vírus, irão proporcionar alguma vantagem ao seu ciclo de vida, o que pode culminar ou não, no surgimento de novos sintomas, diferentes dos inicialmente associados à doença.

No caso da variante Delta (indiana), por exemplo, observamos o surgimento de novos sintomas. No lugar de sintomas clássicos como tosse, perda de olfato e/ou paladar, surgem sintomas como dor de cabeça, dor de garganta e coriza. A febre é um sintoma comum nos dois exemplos.

As vacinas são eficazes para essas mutações?

Felizmente, sim! Até o momento, as vacinas contra a Covid-19 se mostram efetivas contra as variantes. Porém, vale ressaltar que os epidemiologistas alertam para a necessidade de receber as duas doses, uma vez que a eficácia de alguns imunizantes é reduzida de modo significativo pelas novas cepas.

É possível se infectar mais de uma vez, levando em consideração as novas cepas?

Infelizmente, sim. Independentemente das novas variantes, já era observada a chance de reinfecção pela cepa original nos casos em que o sistema imunológico do infectado não criou uma barreira de proteção adequada contra o vírus ou com o passar do tempo, as perdeu.

No caso das novas cepas, a possibilidade de reinfecção aumenta consideravelmente. Em estudo recente, a variante P1 (Manaus) se mostrou capaz de driblar o sistema imunológico de pessoas já infectadas em 25% a 61% dos casos.

De acordo com o epidemiologista Wanderson de Oliveira, as variantes P1 (Manaus) e Delta (indiana) apresentam chance de reinfecção três vezes maior que a cepa original, enquanto na variante B.1.351 (sul-africana) essa possibilidade é cinco vezes maior.

*Esta entrevista faz parte de uma campanha de conscientização sobre a vacinação contra a Covid-19, idealizada pela Fundação Araucária e que conta com o apoio da  Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Universidade Estadual de Maringá, da Universidade Estadual de Londrina, da Universidade Estadual do Centro-Oeste, da Universidade Estadual do Norte do Paraná, da Universidade Estadual do Paraná, da Universidade Federal do Paraná, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, da Universidade Federal da Fronteira Sul, da Universidade da Integração Latino-Americana, do Instituto Federal do Paraná, da Fundação de Apoio da Universidade Federal do Paraná, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, da Universidade TUIUTI do Paraná e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.