Universidades estaduais do Paraná desenvolvem ações para atender aos idosos durante a pandemia 26/11/2020 - 13:38

Uma vida repleta de contatos: família, amigos, colegas, conhecidos. A rotina de trabalho, atividades sociais e até mesmo a ida ao mercado ou padaria sofreu uma guinada brusca para quem era acostumado a viver décadas da mesma forma. O isolamento social necessário durante a pandemia mudou a rotina do mundo, mas afetou uma faixa etária em especial, os idosos. 

As chances de contágio pelo novo coronavírus são as mesmas para todos, mas os idosos têm um maior risco de agravamento da doença. Por isso, as universidades estaduais do Paraná desenvolveram ações voltadas à saúde física e mental desta faixa etária durante a pandemia. Os dados acumulados do monitoramento da Covid-19 pela Secretaria da Saúde mostram que quase 35 mil idosos já foram diagnosticados com a doença no Paraná.
O distanciamento social é uma das principais medidas para evitar o contágio pelo coronavírus. Por isso, desde meados de março, quando foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Paraná, muitos idosos têm ficado em suas casas para se proteger do vírus.

É o caso da Carmem Piccoli Vigil, 67 anos, moradora de Guarapuava. Ela e o marido José Luiz, o Seu Vigil, tiveram que deixar de lado as atividades sociais, por um período. Mas como preencher as horas de quem se mantinha ocupado o tempo todo? “A gente tem se ocupado com costura, artesanato, com muita leitura, assistindo vários filmes, seriados. Fazendo fortalecimento, jogando e o que mais?”, ri a aposentada. “Tem que inventar, na verdade. Brincar com o cachorro, tomar um sol, é o que nós temos feito”. Ela conta ainda que com os netinhos o contato é só por mensagens ou chamadas de vídeo. 

Tantos meses de isolamento afetam profundamente a saúde mental desse público. Como explica a psicóloga Jeanine Rolim, sentimentos de medo, tensão, solidão, saudade, a preocupação com os familiares e a sensação de impotência frente à pandemia causam transtornos mentais e um profundo descontentamento com a situação. 

Proteção

Em São João do Ivaí, Adelino Morales Rodrigues, que trabalha como caseiro em uma ilha no rio Ivaí, precisou de atendimento após um acidente em casa. Depois dos primeiros socorros, recebeu em casa o atendimento de uma equipe de saúde formada por bolsistas da Chamada Pública 09/2020: Ação de Extensão contra o novo Coronavírus, promovida pela Fundação Araucária, Secretaria da Saúde (SESA), Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e Itaipu Binacional. O atendimento rural é uma das frentes da atividade, coordenada na região pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). 

Estar sozinho

Para muitos idosos, o isolamento significou ficar mais tempo sozinho. Com isso, a incidência de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade, aumentou na população, em geral, e principalmente entre os idosos. “Encontrar pessoas é o que mais está me fazendo falta, o contato direto com elas, principalmente com familiares e amigos mais chegados”, lembra Carmem. 

Por isso, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) organizou um atendimento específico para os idosos que estão isolados em casa. O primeiro contato é por telefone, a partir de uma lista cedida pelo Serviço Social da prefeitura. “A gente identifica quem são os idosos, a idade, doença crônica, os fatores de risco relacionados principalmente à saúde”, explica Laísa Ferreira, enfermeira, que participa do projeto de apoio aos idosos. 

Após a primeira ligação, a conversa passa a abordar sobre a rede de apoio de cada pessoa atendida para avaliar se o idoso tem alguém próximo ou da família que esteja indo ao mercado ou farmácia. 

O acompanhamento psicológico de idosos que vivem na área rural de Ponta Grossa é o objetivo de um projeto da Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso do Hospital Universitário da UEPG. Idosos, que já eram atendidos em seus domicílios, passaram a ser monitorados por telefone. "A ideia é diminuir as chances de contaminação, ao mesmo tempo em que mantêm o contato com o público atendido pelos projetos de extensão da universidade", explica a pró-reitora de extensão e assuntos culturais da UEPG, professora Clóris Grden. 


A Universidade aberta

No Paraná, cinco das universidades estaduais contam com o programa Universidade Aberta para a Terceira Idade. Na UEM, são 1079 idosos matriculados; na UEPG são 589; 184 na Unioeste; 157 na Unicentro; e 150 na Unespar. Em agosto de 2020, a UEL reativou o programa, com atividades inicialmente online e por meio da rádio UEL. A Uenp não oferece o programa, mas tem outras atividades de extensão e pesquisa voltadas para esse público.

Fonte: UEPG