Governo do Estado investe em pesquisas de conservação da biodiversidade e mudanças climáticas 14/09/2021 - 14:33

Com o objetivo de fomentar e integrar as ações de pesquisa, inovação e divulgação científica associadas à biodiversidade no Paraná o Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária (FA) e da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), lançou nesta segunda-feira (13) o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Biodiversidade. Inicialmente serão investidos cerca de R$ 560 mil nos projetos. 

O novo arranjo também busca integrar os principais grupos de pesquisa e stakeholders do estado que atuam em áreas relacionadas à biodiversidade e formar recursos humanos de qualidade. “O NAPI Biodiversidade contribuirá para o desenvolvimento regional sustentável, para a geração de riquezas e para o bem estar da sociedade paranaense por meio do aproveitamento do potencial biotecnológico do Paraná”, destacou Ramiro Wahrhaftig presidente da Fundação Araucária.

O representante da Seti no evento, Luis Paulo Mascarenhas, lembrou que o Paraná se destaca pela preservação da mata, cerca de seis milhões de hectares são preservados. “Esta iniciativa vem ampliar os conhecimentos destas reservas, futuras parcerias e desenvolvimento de novas técnicas de preservação que possam fazer com que as nossas áreas florestais sejam um grande acervo de conhecimento e biotecnologia, para que possamos preservar os nossos biomas ativos para as próximas gerações”, disse.

Segundo o coordenador do NAPI Biodiversidade e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Halley Caixeta de Oliveira, a iniciativa está alinhada a diversas políticas globais relacionadas à biodiversidade e ao combate às mudanças climáticas, como o Acordo Climático de Paris, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e as Metas de Aichi para a Biodiversidade. “Desta forma, o projeto tem grande importância para o desenvolvimento sustentável, que é uma das condicionantes chaves para o investimento em ciência, tecnologia e inovação no Paraná”, comenta. 

Este NAPI é criado em um contexto de preocupação com a conservação da biodiversidade e as mudanças climáticas globais. Projeções climáticas indicam maior variabilidade de precipitação ao longo deste século com eventos de seca mais frequentes e intensos, o que teria forte influência na biodiversidade florestal devido a impactos no funcionamento dos ecossistemas, na fisiologia vegetal e nas comunidades microbianas. Esses eventos climáticos têm o potencial de afetar tanto a conservação dos remanescentes de vegetação nativa, quanto os processos de recuperação da vegetação (espontâneos ou resultantes de manejo). 

 “A área de biodiversidade talvez seja o maior ativo de posicionamento do país em termos de pesquisa e cadeias globais. Felizmente temos um importante capital intelectual nesta área aqui no Paraná”, ressaltou o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da FA Luiz Márcio Spinosa.  

O plano de trabalho do NAPI Biodiversidade pode ser conferido na página da Fundação Araucária www.fappr.pr.gov.br em Programas/Programas Abertos

Integração e disseminação do conhecimento - Desde a sua concepção, o NAPI Biodiversidade prevê o forte envolvimento de stakeholders em várias etapas do projeto e a disseminação do conhecimento para a sociedade. Isso facilita a integração do projeto com o setor produtivo e com órgãos de governo, aumentando o impacto sobre a sociedade. “Destaco também o grande potencial de inovação nas soluções originais a serem testadas, com provável geração de produtos ou processos patenteáveis, além da produção de conhecimentos básicos que serão divulgados no meio científico”, disse o professor Halley. 

Para isso, serão utilizados os ativos paranaenses de ciência e tecnologia (principalmente o capital humano qualificado e as condições institucionais já existentes), que vêm atuando de forma pontual, mas que serão integrados a partir do NAPI, permitindo a produção de conhecimento de maior impacto a partir da cooperação científica entre eles. 

Origem do projeto – A proposta para a criação do NAPI Biodiversidade surgiu a partir da aprovação em 2020 do projeto transnacional RESTORE pela Biodiversa - rede europeia de fundações nacionais e regionais de fomento a pesquisas voltadas à biodiversidade-, liderado por pesquisadores do Paraná e com a colaboração de um consórcio de pesquisadores brasileiros e europeus.

Em 2019, a Biodiversa lançou a chamada conjunta “Biodiversidade e Mudanças Climáticas”, da qual a Fundação Araucária participou por intermédio do CONFAP (Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa). Uma vez que já vinha atuando nessa temática, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina contactou potenciais parceiros da Alemanha, França e do estado de São Paulo para propor um projeto transnacional que pudesse ser submetido a esse edital. Daí nasceu o RESTORE (natuRe-basEd SoluTions for imprOving REforestation), que tem como objetivo principal desenvolver estratégias biotecnológicas inovadoras (materiais baseados na natureza e micro-organismos associativos de plantas) para aumentar a tolerância de mudas de espécies arbóreas e a diversidade microbiana durante a restauração florestal. 

Confira como foi o evento https://www.youtube.com/watch?v=c3WC0iH2dwI&t=9s.